quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Studio Mil e Uma Noites

Rainha do Egito, Hatshepsut

 aparece na lista dos maiores líderes da história




Hatshepsut (aprox. 1509-1469 a.C.) foi a primeira rainha e uma das grandes faraós do Egito. Em um período relativamente pacífico e de importante expansão comercial, ela mandou construir obeliscos, em Karnak, e enviou missões de reconhecimento para o Mar Vermelho.
Por suas habilidades, que --mais de três milênios após seu desaparecimento-- ainda são conhecidas e admiradas, a monarca entrou para a lista dos maiores chefes que o mundo já viu.
Em "100 Grandes Líderes", título que apresenta o rol das pessoas mais influentes e poderosas, a egípcia aparece como uma construtora mais ambiciosa e visionária que seus predecessores.
Dividido em homens de estado, líderes religiosos, reformadores, libertadores nacionais, revolucionários, exploradores e industriais, o livro foi escrito por Brian Mooney, jornalista e professor de história e línguas modernas no Magdalen College, em Oxford.

Leia, abaixo, um trecho do volume sobre a rainha egípcia.

DESDE OS PRINCÍPIOS MAIS REMOTOS, as mulheres no Egito eram vistas com grande consideração. No início da 18ª Dinastia, havia uma enorme tendência matriarcal. Hatshepsut era a filha do grande guerreiro e rei Tutmés I. Seu meio-irmão, Tutmés II, sucedeu Tutmés I depois que seus outros irmãos morreram prematuramente. Os bustos retratados mostram Tutmés II como sendo um dócil e submisso rapaz, ao passo que Hatshepsut, vários anos mais velha que ele, mostra uma cabeça ereta, nariz arrojado e aquilino, boca firme e com o queixo se projetando de forma considerável, ostentando um ar de vigor e determinação. Ela se casou com seu meio-irmão, reduzindo-o a um zero à esquerda, e tornou-se a pessoa mais influente no governo.
Depois de apenas alguns anos, seu reino unificado terminou com o assassinato de Tutmés II, provavelmente por uma conspiração. Hatshepsut logo se tornaria a regente de seu filho, Tutmés III, gerado por uma mulher do harém e, enquanto ele servia como sacerdote do deus Amon, ela assumiria o controle do trono e seria aceita como faraó.
Nas inscrições em seus monumentos, as designações de masculino e feminino da sua personalidade são alternadas. Ela é tanto o filho como a filha de Amon, o deus do reino. Estátuas e relevos mostram-na com uma barba falsa e com trajes masculinos. Apesar das formas masculinas e femininas serem intrincadamente misturadas, na maioria das vezes os pronomes pessoais e possessivos referentes a ela são femininos, com ocasionais expressões de causar perplexidade, tais como "Sua Majestade ela mesma".
Como faraó, o reinado de Hatshepsut foi longamente pacífico e isso contribuiu para que ela realizasse grandes planos de comércio exterior. Sua expedição que desceu o Mar Vermelho até a região do Punt (provavelmente a atual Somália) pode ser comparada com as grandes viagens ultramarinas da época da Europa renascentista. Seu belo templo mortuário avarandado, em Deir el-Bahri, apresenta relevos que exibem essa expedição. É raro encontrar qualquer evento único na história antiga que tenha sido tão bem ilustrado como a expedição de Hatshepsut. As várias fases foram registradas, desde o agrupamento da frota na costa do Mar Vermelho até o retorno triunfante à capital Tebas.
Cinco enormes navios para a jornada foram construídos em partes e transportados por via terrestre, sendo montados na costa do Mar Vermelho. Um dos objetivos principais da expedição era obter árvores aromáticas; elas cresciam apenas no sudoeste da Arábia e na Somália. Observando os relevos no templo em Deir el-Bahri, que mostram cabanas redondas em palafitas acessadas por escadas com coqueirais e árvores aromáticas, olíbanos e mirras, além de um fértil rio com uma grande variedade de peixes, dá para se supor que Punt é a Somália. As ilustrações também exibem girafas, hipopótamos, macacos e cães. A expedição foi recebida pelo príncipe de Punt, Parehu, e sua obesa e corcunda esposa, Eti.
A liberdade de comércio foi estabelecida. As mercadorias egípcias foram trocadas por 31 árvores aromáticas vivas, sacos de resina para incenso, ouro, prata, marfim, ébano, canela, cosméticos, macacos, babuínos, cães, escravos e peles de leopardo. A rainha de Punt e vários chefes acompanharam a expedição de volta ao Egito. A chegada em Tebas foi um grande dia de gala. Hatshepsut ofereceu os produtos a Amon, e as árvores aromáticas foram plantadas na entrada do seu templo em Deir el-Bahri.
O ambicioso programa de construção de Hatshepsut foi muito além do de seus predecessores. Ela construiu em todo o Egito, indo até a Núbia. Tebas foi a cidade que recebeu os maiores cuidados. O templo em Deir el-Bahri era chamado de "Santo dos Santos" e considerado como a declaração mais completa em forma material erguida por Hatshepsut sobre seu reinado. Ela ergueu uma tumba para si mesma no Vale dos Reis, à medida que o Templo de Amon era ampliado.

Carlos André
Equipe Egiptologia Brasi

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