sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Studio Mil e Uma Noites


Hatshepsut: a rainha faraó. (III – feitos e fama)



Como coloquei anteriormente, não há notícias de atividades bélicas no reinado de Hatshepsut. A divulgação de seus feitos se concentrou na construção e no comércio. Apesar de ser endereçada como “rei”, parece que Hatshepsut buscou encarnar em seus feitos principais as funções da pacífica Hathor, a deusa da riqueza e da nutrição. Neste quesito o grande destaque foi para a expedição à Punt. Não se sabe exatamente onde ficava Punt. No começo, acreditava-se que fosse no Iêmen, depois na Somália, mas a maioria dos estudiosos atuai acham mesmo que era na Eritréia. Punt era conhecido como uma dadivosa terra de riquezas maravilhosas, lembrando as bíblicas Hávila e Ofir (também associadas com o Mar Vermelho e o Oceano Índico), e as principais riquezas de Punt eram o ouro, madeira, galena, peles, animais vivos e, como prato principal, a goma de incenso (olíbano), que escorre de uma árvore específica (Boswellia sacra). Expedições a Punt são registradas desde a 5ª Dinastia, no reinado de Sahure mas, desde o Médio Império, as expedições passaram a ser cada vez mais raras até que, aparentemente, pararam por completo. Hatshepsut reabriu esta rota, enviando uma flotilha de navios. A expedição, liderada pelo chanceler Nehesi e pelo tesoureiro Djehuty, partiu possivelmente de um porto no Mar Vermelho que os egípcios chamavam de Sauu, próximo a atual Mersa, no ano 9 do reinado conjunto de Hatshepsut e Tutmés III. Ao chegarem em Punt, os nativos aparentemente ficaram surpresos com a chegada deles. Os egípcios podem ter levado produtos manufaturados, como armas, jóias, linho e móveis, e trouxeram de volta diferentes tipos de incenso, assim como madeiras, ouro, macacos, babuínos e outros animais vivos, peles, galena, essências e mudas de árvores de incenso e mirra. Ao subirem o Wadi Hammamat entre o porto e o Vale do Nilo, a expedição acrescentou materiais das minas e pedreiras da região, chegando a Tebas, no Templo de Karnak, em grande esplendor.

Uma das finalidades da expedição era trazer matéria, para a construção do templo mortuário da rainha faraó, próximo à entrada do Vale dos Reis, em um local hoje conhecido como o Monastério do Norte, Deir el-Bahari. Neste local havia um grande templo-mausoléu construído pelo faraó Mentuhotep II, da 11ª Dinastia. Era um templo mortuário para aquele faraó, e o local de sepultamento de 6 de suas esposas, todas elas de origem núbia. Ele foi o soberano que reunificou o Egito, iniciando o Império Médio, após uma guerra contra o clã dos Kheti que reinava em Heracleópolis. Mentuhotep II pertencia ao poderoso clã dos Antef, do qual os faraós da 18ª Dinastia consideravam-se descendentes. Seu templo era grandioso, com rampas, terraços e encimado por uma pirâmide. Ao lado deste, Amenhotep I construiu seu templo mortuário mais humilde, feito de tijolos, mas Tutmés II demoliu este templo e começou a construir um maior, que deixou inacabado, ao lado do qual planejava construir um santuário de Hathor, dedicado à Hatshepsut, tudo obra de seu arquiteto Ineni. Mas Ineni morreu ou se aposentou logo depois que Hatshepsut assumiu o poder supremo, e foi substituído por Senenmut. Este já trabalhava em algumas obras, como na lavra de obeliscos na pedreira de Assuã, mas na função de Chefe de Todas as Obras do Senhor das Duas Terras, ele ficou encarregado de construir templos, canais e o principal: o templo mortuário da faraó. Ele retomou as obras do templo mortuário de Tutmés II agora destinando-o à sua senhora, mantendo a capela de Hathor. Apesar de não ter uma pirâmide em cima, o templo funerário de Hatshepsut era bem maior que o de Mentuhotep II, com uma avenida ladeada de esfinges de carneiros e com o cara de Hatshepsut diante dele, e canteiros com árvores de incenso em seus terraços. Com chave de ouro, Senenmut construiu sua própria capela funerária diante dele, associando-se pela eternidade a Hatshepsut. O complexo foi dedicado no ano 11 de seu reinado e recebeu o humilde nome de Djeser-Djeseru, o Esplendor dos Esplendores.

>>•<<

IMAGEM: A flotilha egípcia carregando os tesouros de Punt, representada no Templo Mortuário de Hatshepsut em Deir el-Bahari.

Robson Cruz.
Equipe Egiptologia Brasil



SE desejar agendar uma Aula de Dança do Ventre experimental em Ji-Parana e
Só agendar pelo face ou cel 84519006 ou wats 84896365.
Vamos te receber com muito carinho
Exclusivo para MULERES

Nenhum comentário:

Postar um comentário